Moçambique Tem Capacidade para Realizar Cirurgias, mas Faltam Vontade e Decisão, Afirma Ministro da Saúde

O Ministro da Saúde de Moçambique, Ussene Isse, revelou na última sexta-feira (28) em Nampula que o país dispõe de toda a infraestrutura necessária para reduzir a longa lista de pacientes à espera de cirurgia no Serviço Nacional de Saúde. No entanto, o que falta, segundo Isse, é a vontade e a decisão dos profissionais responsáveis pela área.

“Quando assumi o setor, percebi que a lista de espera era enorme e sempre dependíamos de apoio externo. Sentei-me com meus colegas e questionei qual era o problema, e a resposta que obtive foi que não faltava nada, apenas vontade e decisão”, declarou o ministro.

A partir dessa constatação, o Ministério da Saúde tomou a decisão de mobilizar equipes em todos os níveis do país para que as cirurgias fossem realizadas localmente. “Temos salas de operação, profissionais capacitados, medicamentos e anestesia. Não nos falta nada, apenas vontade. Estamos a seguir esse caminho e, embora haja desafios, como o atendimento humanizado, já estamos trabalhando nisso”, acrescentou Isse.

O ministro falou à imprensa após comandar uma operação para remover um tumor do pescoço de Deolinda Carlos, uma paciente de 32 anos que sofria com a doença desde 2019. A paciente, mãe de dois filhos, estava aguardando pela cirurgia há vários anos. O tumor, que apareceu repentinamente, gerou desconforto estético e emocional para Deolinda.

“Começou pequeno, mas foi crescendo. Não dói, mas pesa e interfere na minha autoestima. Minha maior expectativa é melhorar minha aparência”, afirmou a paciente antes da operação, expressando fé no sucesso da cirurgia.

A operação, que durou quase duas horas, fez parte da campanha dos 100 dias de governo, que tinha como meta realizar 500 cirurgias. Contudo, o número de procedimentos já realizados ultrapassou mil, demonstrando a grande motivação da equipe médica. “Começamos com uma meta de 500 cirurgias, mas já passamos das mil. Isso mostra que estamos empenhados. Esta atividade veio para ficar”, declarou Isse.

O ministro destacou a complexidade da cirurgia, que foi realizada devido ao tumor ter comprimido a traqueia e o esôfago, dificultando a respiração e a alimentação. “A cirurgia foi bem-sucedida, mas o processo de recuperação pós-operatória é crucial, pois a área afetada é muito sensível”, explicou.

Isse também anunciou planos para uma futura campanha focada em mulheres e crianças, com especial atenção às mulheres com miomas que aguardam há anos por cirurgia.

Em sua fala, o ministro aproveitou para felicitar todos os trabalhadores da saúde e, em especial, os médicos moçambicanos, pelo Dia do Médico, reconhecendo o papel essencial que desempenham no bem-estar da população.

“Agradeço profundamente a todos os profissionais de saúde que, apesar dos desafios, estão todos os dias a garantir saúde para os moçambicanos”, concluiu Isse.